73% dos consumidores planejam ir às compras no Dia das Crianças; data deve movimentar R$ 10,3 bilhões no varejo, apontam CNDL/ SPC Brasil
Gasto médio previsto com presentes será de R$ 199. Oito em cada dez entrevistados esperam pagar produtos à vista e 77% pretendem pesquisar preços antes de comprar
Última grande festa comemorativa antes do Natal, o Dia das Crianças não deve passar despercebido pelos brasileiros. Mesmo em meio a um cenário econômico desafiador, com alto índice de desemprego e renda achatada, 73% dos consumidores devem ir às compras este ano. É o que revela pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em todas as capitais. No ano passado, 66% compraram presentes na data. Para 2019, a expectativa é de que o varejo movimente aproximadamente R$ 10,3 bilhões.
Apesar dos números expressivos, o levantamento aponta que a maioria dos entrevistados pretende tomar cuidado com as despesas. No total, cada consumidor vai desembolsar, em média, R$ 198,79 com presentes — quantia muito próxima ao previsto ano passado, que foi de R$ 186,92. Entre os presentados estão filhos (48%), sobrinhos (38%), afilhados (18%) e netos (15%).
Além disso, um terço dos entrevistados (33%) planeja adquirir dois presentes, enquanto 25% somente um. No geral, os consumidores vão adquirir cerca de dois presentes. Quanto aos produtos mais procurados no Dia das Crianças estão as bonecas e os bonecos (45%), as roupas e os calçados (33%), os jogos de tabuleiro (26%), além dos carrinhos e aviões de brinquedo (18%).
“Os dados de intenção de compra servem de termômetro para o fim de ano, ao trazer as primeiras impressões do que deve acontecer no Natal, principalmente em um momento em que muitos brasileiros estão sentindo os efeitos de um mercado de trabalho retraído e de uma economia que tem demorado a engrenar”, analisa o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
39% esperam gastar mesma quantia do ano passado; 78% desejam pagar presentes à vista e 52% acham que produtos ficaram mais caros
Embora medidas recentes, como a liberação de recursos do FGTS, possam vir a estimular positivamente o comércio nos próximos meses, a pesquisa indica que a maior parte dos entrevistados (39%) espera gastar a mesma quantia em relação ao ano passado. Outros 24% vão gastar menos e 21% têm intenção de desembolsar mais. A principal razão para que haja um freio no consumo daqueles que pretendem gastar menos este ano deve-se ao orçamento apertado (33%), enquanto 28% desejam economizar, 15% têm intenção de pagar dívidas em atraso e 13% se veem impossibilitados de comprar por estarem desempregados.
Considerando as formas de pagamento mais utilizadas, 78% pretendem pagar à vista, especialmente em dinheiro (53%), e no cartão de débito (26%). Ao mesmo tempo, 36% devem optar pelo parcelamento, sobretudo no cartão de crédito (32%). Desses, a média estimada ficará entre três e quatro prestações — ou seja, quem preferir dividir as compras acabará pagando pelos presentes, pelo menos, até janeiro de 2020.
O lugar preferido dos consumidores para fazer suas compras são os shopping centers (45%), embora 39% optem pela internet, o que proporciona comodidade em pesquisar e encontrar seus presentes. Já 32% mencionaram que buscarão o tradicional comércio de rua. Mesmo com a inflação em patamares baixos, 52% dos entrevistados avaliam que os preços dos produtos para crianças estão mais caros do que em 2018. Para 40%, os preços estão na mesma faixa e apenam 5% dizem estar mais baratos.
77% planejam pesquisar preços antes de comprar e 65% dos inadimplentes que devem ir às compras estão com o nome sujo
O estudo aponta ainda que quase oito em cada dez consumidores (77%) pretendem pesquisar preços antes de comprar. Entre esses, a grande maioria (71%) utilizará a internet para obter informações dos produtos, enquanto 49% preferem percorrer as lojas de shopping, 46% as lojas de rua e 19% os supermercados. Entre os que adotam a prática da comparação pela internet, o meio de pesquisa que mais costumam utilizar são os sites e aplicativos de busca (70%). Também há os que recorrem aos portais e aplicativos de comparação de preços (51%), aos sites de varejistas (48%) e aos sites e apps de ofertas (21%).
Para a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti, os consumidores precisam avaliar antes de ir às compras se o orçamento permite fazer novos gastos e qual a melhor forma de pagamento. “Aqueles que estão com as contas em dia, vale tentar um desconto e pagar à vista. Já os que estão com muitas dívidas, o ideal é concentrar esforços para quitá-las e evitar contrair novas dívidas”, recomenda.
Quando indagados se costumam gastar mais do que podem para presentear no Dia das Crianças, a maioria das pessoas (77%) respondeu que não. Por outro lado, 20% reconhecem assumir despesas acima de suas possibilidades financeiras e 10% pretendem deixar de pagar alguma conta.
A consequência de gastar além do orçamento, muitas vezes, é a inadimplência. Entre os que compraram presentes ano passado, 11% admitem ter ficado negativado com as compras feitas na data, sendo que 5% permanecem nesta situação e 6% afirmam já ter limpado o nome. Além disso, 30% dos que pretendem fazer compras nesta data possuem alguma conta atrasada, dos quais 65% estão com nome sujo.
36% admitem enfrentar pressão das crianças para escolha do presente; 23% dividirão valor com outras pessoas e maioria comprará em outubro
Divididos entre a vontade de agradar e os limites do próprio orçamento, muitos pais se veem em uma decisão difícil quando precisam dialogar com os filhos. De acordo com pesquisa, metade dos entrevistados (51%) prefere escolher os presentes sozinhos ou com ajuda de outro adulto, enquanto 33% decidem em conjunto com a criança. Já 16% deixam a escolha unicamente para a criança.
Quanto ao momento da compra, 33% dizem que foram ou irão acompanhados da criança, ao passo em que 55% não foram ou não pretendem ir acompanhados. No entanto, mais de um terço (36%) admite que há pressão da criança para adquirir o presente que ela quer, sendo que 19% afirmam não ceder e 17% acabam comprando o produto. Por outro lado, 64% garantem que não há essa pressão por parte da criança.
Uma estratégia que vem sendo utilizada por uma parcela dos entrevistados é dividir o preço do presente com outras pessoas. Embora 72% planejem bancar os custos sozinhos, 23% querem dividir o valor ou pelo menos parte. Entre esses, 51% esperam dividir o pagamento das compras com o cônjuge e 26% com demais familiares. E a principal razão apontada por quem planeja compartilhar os gastos é reduzir os gastos com presentes (51%). Para 24%, a intenção de dividir a compra é dar um presente melhor ou mais caro, enquanto 18% justificam estar com o orçamento apertado.
Sobre o período em que os consumidores devem ir às compras para o Dia das Crianças, praticamente metade (49%) afirmou que escolherá a primeira semana de outubro. Outros 21% aproveitariam já o mês de setembro e 15% deixarão para visitar as lojas na véspera da data.
Metodologia
A pesquisa foi realizada com 826 casos em um primeiro levantamento para identificar o percentual de pessoas com intenção de compras no Dia das Crianças. Para avaliar o perfil de compra, foram considerados 614 casos da amostra inicial, gerando uma margem de erro no geral de 3,4 p.p e 3,9 p.p, respectivamente, para um intervalo de confiança de 95%.
SPC Brasil