Bolsonaro reafirma construção de novas pontes com o Paraguai
Declaração foi durante solenidade de posse do novo diretor-geral
brasileiro de Itaipu, Joaquim Silva e Luna. A binacional será a
responsável pela construção das duas ligações.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, confirmou o compromisso
do País com a construção de duas pontes entre Brasil e Paraguai.
A declaração foi durante a solenidade de posse do novo diretor-geral brasileiro
de Itaipu, general Joaquim Silva e Luna, no Edifício de Produção da usina
hidrelétrica, em Foz do Iguaçu (PR).
A cerimônia teve a presença do presidente paraguaio, Mario Abdo
Benítez, entre outras autoridades dos dois países.
“A segunda ponte sobre o Rio Paraná e a sobre o Rio Paraguai são de
fundamental importância para os nossos povos. Contem com o apoio de nosso
governo para concretizar este objetivo”, anunciou Bolsonaro, ao lado do
novo diretor-geral brasileiro. Foi a primeira vez que o novo governo
brasileiro endossou publicamente as tratativas iniciadas no ano passado
para a construção das duas pontes.
Bolsonaro e o presidente paraguaio se encontrarão novamente no dia 12
de março, em Brasília. “Vamos tratar de temas relevantes, nas questões
políticas, econômicas, comerciais e de cooperação”, afirmou Benítez.
“Seguramente vamos avançar em nosso projeto de integração física com a
construção de duas pontes”, concluiu o presidente paraguaio.
A assinatura da declaração presidencial que autorizava a construção
das duas pontes foi feita em dezembro do ano passado, também na usina de
Itaipu, pelo então presidente brasileiro, Michel Temer, e pelo presidente
paraguaio, Mario Benítez. As pontes serão construídas sobre o Rio Paraná,
ligando Foz do Iguaçu (PR) e Presidente Franco (PY), e sobre o Rio
Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY). O financiamento
será feito pela Itaipu Binacional, com autorização da Advocacia-Geral da
União (AGU).
Integração regional
A cerimônia de posse do novo diretor-geral brasileiro foi o momento
para os dois países sócios da Itaipu Binacional, Brasil e Paraguai,
reafirmarem também o compromisso da empresa com a integração regional.
Antes do início da solenidade, os presidentes brasileiro e paraguaio se
reuniram em um encontro bilateral. Além do tema das pontes, eles trataram
de outras questões como o combate conjunto ao crime organizado na fronteira
e a relação comercial.
Em seu discurso, Jair Bolsonaro lembrou a história da construção da
usina hidrelétrica e a importância da empresa para o desenvolvimento
regional. “Designei para comandar Itaipu um contemporâneo da Academia
Militar das Agulhas Negras”, afirmou o presidente sobre o novo
diretor-geral brasileiro. “Desejo a você os mais sinceros votos de sucesso
nesta nova missão, para que possamos trazer ainda mais prosperidade para o
povo brasileiro e nosso querido povo paraguaio.”
Mario Benítez corroborou sobre a responsabilidade que o general
Joaquim Silva e Luna terá ao lado do diretor-geral paraguaio, Jose Alberto
Alderete, em administrar a binacional. “Tem o grande desafio de conduzir o
maior empreendimento de produção de energia elétrica do mundo”, disse. “A
Itaipu Binacional é orgulho de brasileiros e paraguaios e se transformou em
um pilar de desenvolvimento para Brasil e Paraguai.”
Termo de posse
A assinatura do termo de posse foi feita pelos ministros Bento
Albuquerque (Minas e Energia) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e pelo
diretor-geral brasileiro, general Joaquim Silva e Luna.
O general é o 13º diretor-geral brasileiro da empresa. “Embora tudo
esteja em permanente evolução, sabemos que a missão não é construir uma
nova obra, mas prosseguir aperfeiçoando o trabalho dos que nos antecederam,
de modo a deixar para as novas gerações uma plataforma melhor, que sirva de
base para novos avanços”, afirmou.
Autorização de construção das novas pontes foi feita em
dezembro do ano passado
Em dezembro de 2018, os governos do Brasil e do Paraguai anunciaram,
em um encontro na Itaipu Binacional, a construção de duas novas pontes
ligando os dois países, com o objetivo de fortalecer o processo de
integração regional e melhorar a infraestrutura para o comércio e o
turismo. Uma das pontes será sobre o Rio Paraná, entre Foz do Iguaçu (PR) e
Presidente Franco, cidade vizinha a Ciudad del Este. A outra obra será no
Rio Paraguai, entre Porto Murtinho (MS) e o município paraguaio Carmelo
Peralta.
A ponte que vai ligar Foz a Presidente Franco já foi licitada e a
obra contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit), em
2014. O projeto, no entanto, não teve continuidade e agora será retomado
com recursos de Itaipu. A obra tem custo previsto de R$ 302,5 milhões
(considerando estrutura e desapropriações), além de R$ 104 milhões para a
construção de uma perimetral no lado brasileiro.
A ponte será do tipo estaiada, com duas torres de sustentação de 120
metros de altura. O projeto prevê pista simples, com acostamento e calçada.
A extensão é de 760 metros, com vão livre de 470 metros. A estimativa é que
as obras sejam concluídas em até três anos.
Já a perimetral terá 15 quilômetros e vai ligar a BR-277 à aduana da
Argentina e à nova ponte. O valor de R$ 104 milhões contempla os custos do
projeto, desapropriações, construção de quatro viadutos e duas aduanas (uma
na cabeceira da nova ponte e outra na fronteira com a Argentina). A obra já
foi licitada pelo Dnit, mas o resultado ainda não foi homologado.
Com a nova ligação Foz-Presidente Franco, a Ponte Internacional da
Amizade, hoje saturada, será exclusiva para veículos leves e ônibus de
turismo. Essa ponte é hoje o principal corredor econômico entre o Brasil e
o Paraguai e ajudou a transformar o município paraguaio na terceira maior
zona franca do mundo.
O acordo entre os dois países define que a margem paraguaia de Itaipu
vai arcar com os custos de construção da ponte no Mato Grosso do Sul e a
margem brasileira entrará com recursos para a ponte em Foz do Iguaçu. A
expectativa é que a ponte no Rio Paraguai tenha as mesmas características e
os mesmos custos das obras que serão realizadas no Rio Paraná.
Joaquim Silva e Luna promete mudanças, mas sem perder o foco na geração de
energia e o respeito à binacionalidade
Ao assumir o cargo de diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional
nesta manhã de terça-feira (26), em Foz do Iguaçu, o general Joaquim Silva
e Luna dirigiu-se a autoridades, funcionários e profissionais de imprensa
destacando a necessidade de mudanças na gestão da empresa, com mais foco na
geração de energia, mas sem perder de vista o bom relacionamento entre
brasileiros e paraguaios e a promoção do bem comum em ambos os países.
O general iniciou agradecendo pela nomeação ao presidente Jair
Bolsonaro e ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Em seguida,
afirmou que, desde o início de sua atuação, pretende se inteirar de todas
as questões que envolvem a binacional “já de olho em 2023” (prazo para a
renegociação do Anexo C, a parte financeira do Tratado de Itaipu).
“Sabemos que em tempos de mudanças descontínuas, não precisamos
cometer erros para fracassar, basta continuarmos fazendo o mesmo. Portanto,
mudanças são necessárias”, afirmou o novo diretor. “Pretendemos ajustar a
agenda, que já está esboçada, conforme percepções e orientações alinhadas
com a Eletrobras, a Ande, os Conselheiros e Atos Oficiais da Itaipu. À
medida que o tempo for avançando, as mudanças necessárias certamente serão
implementadas e os resultados aparecerão.”
Citando a missão institucional da Itaipu (de gerar energia elétrica
de qualidade, com responsabilidade social e ambiental, impulsionando o
desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico, sustentável, no Brasil
e no Paraguai), Silva e Luna sinalizou para a necessidade de focar na área
fim da empresa. “Substantivamente, cabe à Itaipu gerar energia elétrica. O
restante é derivativo dessa integral maior. Entendo que esse deva ser o
foco.”
O novo diretor também abordou o impacto de novas tecnologias no setor
elétrico e a constante necessidade de evolução. “O setor está em busca de
novas alternativas que permitam, cada vez mais, renovação tecnológica,
produção de energia com segurança, menor custo operacional e menores
tarifas. Estaremos de olho nisso, e na austeridade de todos os gastos”.
Silva e Luna destacou os esforços políticos e diplomáticos que
viabilizaram a construção da Itaipu e o bom relacionamento entre
brasileiros e paraguaios ao longo da história da empresa. “Entendemos que,
no dia a dia das nossas relações binacionais de trabalho, há que se
reforçar as convergências e, a partir delas, alinhar nossas percepções e
buscar consensos paritários.”
Ele ainda ressaltou o respeito ao Tratado de Itaipu, “a nossa
Bíblia”, nas suas palavras. “A partir dele podemos avançar, ajustando-nos à
conjuntura, dialogando, explicando, negociando, gerenciando expectativas,
estruturando argumentos, buscando soluções de compromisso, ajustando
trajetórias, velocidades e metas, mas preservando-se o destino final, que é
o igualitário bem comum dos nossos povos.”
O diretor elogiou a escolha do vice-almirante Anatalício Risden
Júnior para a Diretoria Financeira Executiva da Itaipu e, também, o
desempenho do time da binacional, “que já joga um bolão e está aquecido”.
E, por fim, saudou o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez em guarani,
o que rendeu muitos aplausos da plateia, especialmente dos paraguaios.
Perfil
Nascido em 29 de dezembro de 1949 na cidade de Barreiros (PE), o
general Joaquim Silva e Luna é filho de Pedro Barbosa de Sá e Luna e de
Irinéia Silva Barbosa. O novo diretor-geral brasileiro de Itaipu é casado
com Nadejda Kasakevitch e Luna e tem três filhos.
Silva e Luna é general de exército da reserva e serviu seus últimos
cinco anos no Ministério da Defesa, inicialmente como secretário de
Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto; depois, como secretário-geral do
Ministério; e por último, como ministro da Defesa.
Nos seus 12 anos como oficial general da ativa, Silva e Luna foi
Comandante da 16ª Brigada de Infantaria de Selva, em Tefé-AM, de 2002 a
2004; diretor de Patrimônio, de 2004 a 2006; chefe do Gabinete do
Comandante do Exército, de 2007 a 2011; e chefe do Estado-Maior do
Exército, de 2011 a 2014.
Como oficial intermediário e superior, comandou várias Companhias de
Engenharia de Construção na Amazônia; foi instrutor nas Escolas de
Aperfeiçoamento de Oficias e na Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército; chefiou a Seção de Imprensa do Centro de Comunicação Social do
Exército e comandou o 6º Batalhão de Engenharia de Construção, em Boa
Vista-RR, de 1996 a 1998.
Antes de incorporar-se às fileiras do Exército, o general cursou o
ensino secundário, em regime de internato, na Escola Agro Técnica Federal
de Barreiros-PE, de 1962 a 1968. Em 10 de fevereiro de 1969, ingressou na
Academia Militar das Agulhas Negras, instituição onde se graduou e foi
declarado aspirante a oficial da Arma de Engenharia, em 16 de dezembro de
1972.
No exterior, foi membro da Missão Militar Brasileira de Instrução e
Assessor de Engenharia na República do Paraguai, de 1992 a 1994; e Adido de
Defesa, Naval, do Exército e Aeronáutico no Estado de Israel, de 1999 a
2001. Durante a sua vida militar recebeu dezenas de condecorações nacionais
e estrangeiras, sendo quatro delas da República do Paraguai.
A sua formação acadêmica inclui:
– Pós-graduação em Política, Estratégia e Alta Administração do
Exército, em curso realizado na Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército (1998);
– Pós-graduação em Projetos e Análise de Sistemas, em curso da
Universidade de Brasília (1995);
– Mestrado em Operações Militares, realizado na Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (1981);
– Doutorado em Ciências Militares, realizado na Escola de Comando e
Estado-Maior do Exército (1987/88);
– Cursos de especialização militares: Curso de Oficial de
Comunicações, realizado na Escola de Comunicações (1976) e Curso de Guerra
na Selva, realizado no Centro de Instrução de Guerra na Selva (1979);
– Possui ainda, o Curso de Combate Básico das Forças de Defesa de
Israel, realizado no Instituto Wingate-Israel (2000).
A Itaipu
Com 20 unidades geradoras e 14 mil MW de potência instalada, a Itaipu
Binacional é líder mundial na geração de energia limpa e renovável, tendo
produzido, desde 1984, mais de 2,6 bilhões de MWh. Em 2016, a usina
brasileira e paraguaia retomou o recorde mundial anual de geração de
energia, com a marca de 103.098.366 MWh. Em 2018, a hidrelétrica foi
responsável pelo abastecimento de 15% de toda a energia consumida pelo
Brasil e de 90% do Paraguai.
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