Cianorte e Maringá são grandes polos de confecções no Paraná
O Paraná se destaca na produção brasileira de confecções. O Estado tem regiões especializadas em diferentes segmentos dentro da indústria do vestuário, como a moda masculina, no Sudoeste, e a confecção de bonés, em Apucarana e região, já apresentadas na série de reportagens que está destacando os produtos feitos no Paraná.
Neste novo episódio da série, vamos mostrar um pouco da indústria têxtil do Noroeste do Estado, concentradas principalmente em Cianorte e em Maringá.
De acordo com dados da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), o segmento industrial de confecção, têxtil e artefatos em couro é composto por 4.738 empresas e gera 65,9 mil empregos. É o terceiro segmento da indústria do Paraná em geração de empregos, perdendo apenas para o ramo alimentício e da construção civil.
Segundo Admir Nahban Filho, presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Cianorte (Sindiveste), são 15 mil empregos diretos gerados pelo segmento. “Se considerarmos a população economicamente ativa, de cada cinco pessoas de Cianorte, três trabalham na indústria de confecção ou têm renda proveniente deste mercado”, diz.
A história da cidade no segmento começou a ser desenvolvida há cerca de 40 anos, com a criação das primeiras indústrias de confecção. Nabhan Filho afirma que hoje a região é reconhecida no cenário brasileiro de moda, tanto é que acontece em Cianorte a Expovest, maior feira atacadista do Brasil que duas vezes por ano lança para lojistas de todo o país e do Exterior as coleções de primavera/verão e outono/inverno.
Entre as maiores empresas de Cianorte do segmento têxtil está a Be Eight. O grupo fabrica três marcas próprias – Six One, Yonders, Club Denim – vendidas para todo o Brasil, sendo o mercado mineiro o maior consumidor. “Somos uma empresa familiar com 22 anos de história. Temos 700 colaboradores diretos e outros 600 indiretos”, conta Alexandre Nabhan, diretor industrial do grupo.
Com sede em Cianorte, a empresa tem fábricas em Nova Olímpia e em Perobal. Até fevereiro de 2021, eles devem reativar a unidade de Jussara, nas proximidades de Cianorte. O grupo fabrica cerca de 100 mil peças por mês, sendo o jeans o carro-chefe. Mesmo tendo sentido os efeitos da pandemia, hoje a empresa já verifica uma retomada de mercado.
“O mercado retomou, porém bastante diferente do que antes da pandemia. O consumidor de moda está comprando de forma diferente. Por isso, estamos adequando nossos produtos. O consumidor não quer mais pagar muito por uma peça. Continua exigindo qualidade, mas com preço inferior”, diz. “O consumidor quer produto bom, bonito e barato. Não adianta fazer loucuras porque o produto não vai vender”.
Outra empresa de Cianorte é a RZM. O grupo tem duas marcas principais, a Luleg e a Viber, especializadas no atendimento ao público A e B. De acordo com Marcio Alves Ferreira, diretor do Grupo RZM, hoje a empresa tem 150 empregados diretos. “Temos cerca de 80 fábricas parceiras trabalhando para nós, o que gera em média mil empregos indiretos. Optamos por terceirizar quase todos os nossos processos porque, como trabalhamos com segmento de alto padrão, conseguimos uma melhor qualidade trabalhando com parceiros especializados”, conta. A empresa fabrica 25 mil peças por mês e vende seus produtos para todo o Brasil.
PIONEIRISMO – Antonio Recco é um dos pioneiros quando o assunto é o segmento de vestuário em Maringá. Há 41 anos ele criou a Recco, uma das mais renomadas empresa do setor de lingeries do país.
Além de atender todo o mercado nacional com lojas próprias e franquias, a Recco exporta parte de sula produção. “Empregamos cerca de 600 pessoas e temos 60 vagas em aberto. Estamos num momento bom, que a economia começa a se recuperar e não tenho dúvidas de que o Paraná vai despontar nesta retomada”, afirma.
Para Recco, Maringá e região já possuem um importante polo têxtil que tem condições de crescer ainda mais. “Cerca de 10% dos empregos gerados em Maringá provêm da indústria de confecção. Temos aqui três importantes shoppings atacadistas. É muito importante darmos visibilidade a este segmento, que gera muitos empregos e que está contribuindo para a retomada econômica do estado”, afirma.
Também no ramo de lingeries está a Mondress, de Maringá. Criada em 1991 por Adilson de Assis e sua esposa Ivone Celestino, hoje a empresa tem em seu corpo gestor dois dos três filhos do casal. Monica Assis cuida, ao lado do pai, da gestão da empresa. E Gabriel Celestino de Assis gerencia a parte fabril. “Somos uma empresa essencialmente familiar. Atualmente, temos 52 colaboradores diretos e vendemos nossos produtos para todo o Brasil e para o Exterior”, conta Assis.
Como vem se repetindo em quase todas as indústrias do segmento, as vendas do setor despontaram nos últimos meses, mesmo com a pandemia. “Já estamos com as vendas fechadas para todo o ano de 2020”, afirma o gestor da fábrica.
De acordo com Monica Assis, são produzidas cerca de 11 mil peças por mês na fábrica. “Nosso mercado principal é o paranaense, onde fica cerca de 40% da nossa produção. Mas vendemos para o Brasil todo, além de exportar para o Paraguai, Bolívia, Equador e Japão”, conta.
Para ela, o paranaense ainda desconhece muitas marcas locais e divulgar a produção paranaense é essencial para o desenvolvimento do setor.
“Culturalmente, temos uma imagem errada de que os produtos que são de fora são os melhores. Mas precisamos construir um certo bairrismo. As pessoas ainda se surpreendem quando veem um produto com tanta qualidade e que é feito aqui. Então é preciso dar mais visibilidade para o que fazemos no Estado, para que as pessoas saibam que produzimos com muita qualidade, que somos antenados e inovadores”, afirma Monica. AEN