Nunca se empreendeu tanto no Brasil e nunca se expressou tanto o desejo de abrir o próprio negócio. Contudo, o cenário político e econômico do país adiou e alterou os planos de muitos empreendedores que decidiram esperar mais para se arriscar no mundo dos negócios. Tão importante quanto saber quando investir é saber onde investir.

Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), setores como a construção civil e o comércio varejista de mercadorias em geral foram os mais prejudicados pela crise, com os maiores índices de demissões e consequentes déficits de emprego (quando o número de demitidos é maior que o de contratados). Alguns segmentos, entretanto, passaram pela crise com menos perdas e se mantiveram como tendências para investimento, de acordo com um levantamento realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). O Sebrae levou em consideração fatores como o número de empresas abertas nos últimos anos em cada setor, as variáveis de comportamento da economia nacional e as tendências do mercado externo.

1) Alimentação

O setor de alimentação tem se mantido em alta nos últimos anos e não apenas porque ninguém para de comer durante a crise, mas porque estão surgindo produtos e serviços para atender demandas mais específicas, principalmente no ramo de alimentação saudável, como raw food (comida crua), comida fitness e alimentação alternativa (para quem tem algum tipo de restrição alimentar). Os serviços de delivery de comida também alavancam o crescimento do setor.

2) Melhor idade

Em 10 anos, a população de idosos no Brasil aumentou em 50% e hoje soma mais de 30 milhões de pessoas em todo o país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Diante desse quadro populacional, o mercado de produtos e serviços para o público dessa faixa etária está se expandindo. O perfil desse público demonstra que eles estão mais interessados em saúde, lazer e bem-estar e não se importam em pagar mais por vantagens como produtos específicos e atendimento diferencial.

3) Comunicação e Marketing

Com o aumento na oferta de produtos e serviços que deixou o mercado muito mais concorrido em relação aos anos anteriores, as empresas estão investindo mais em comunicação, marketing, redes sociais, web design, design gráfico etc. Embora as principais tendências de crescimento estejam mais relacionadas ao universo digital, setores tradicionais como o marketing impresso também alcançaram índices positivos. “Os empresários estão se esforçando mais para alcançar os seus respectivos públicos. Então eles estão apostando nas novidades do marketing digital, sem abrir mão de ferramentas clássicas do marketing impresso”, explica Roberto Eskenazi, sócio da Gráfica Online Eskenazi de São Paulo.

4) Estética

Produtos e serviços ligados à beleza pessoal como manicure, pedicure e cabeleireiros também são boas tendências para investimentos, segundo o levantamento. O destaque vai para serviços voltados para o público masculino, principalmente pelo crescimento no número de salões e barbearias exclusivos para os homens. Esses ambientes têm apostado em na criação de espaços para a realização do serviço estético propriamente dito, aliado à tendência de integrar outros elementos relacionados ao lazer e ao bem-estar, como alimentação, bebidas e jogos.

5) Tecnologia

O desenvolvimento acelerado da tecnologia estimula o comércio de dispositivos e acessórios eletrônicos e também movimenta o mercado relacionado a eles, principalmente o setor de manutenção. Além disso, o desenvolvimento de softwares e aplicativos também está em ascensão devido à democratização do uso de computadores e smartphones, que já fazem parte do cotidiano da maioria dos brasileiros. O uso massivo das redes sociais e o crescimento da expressão dos digital influencers também acelerou o setor de desenvolvimento de sites e blogs e as agências de criação de conteúdo.