Os faróis marítimos atravessaram milênios. Muito antes do GPS, satélites e radares, eram a única referência segura para navegadores que cruzavam oceanos em busca de rotas comerciais e novos mundos.
Registros históricos indicam que já no século III a.C. havia a construção de grandes faróis. O mais célebre deles foi o Farol de Alexandria, no Egito, erguido na ilha de Faros. Considerada uma das Sete Maravilhas do Mundo Antigo, a torre tinha entre 100 e 140 metros de altura, e projetava luz a partir de grandes fogueiras refletidas em espelhos de bronze. Sua função era dupla: guiar embarcações ao porto e alertar sobre recifes traiçoeiros.
Na Roma Antiga, outros faróis foram erguidos, como o de Óstia, perto da capital, e o da Corunha, na Espanha, conhecido como “Torre de Hércules”, que ainda existe, e é o farol mais antigo em funcionamento do mundo, com quase dois mil anos.
Durante os séculos XV e XVI, com a expansão marítima europeia, os faróis tornaram-se estratégicos. Portugal, Espanha, França e Inglaterra ergueram torres ao longo de suas costas, essenciais para garantir o retorno das naus carregadas de especiarias e metais preciosos.
No Brasil colonial, os primeiros faróis foram erguidos no século XVII para proteger os portos de Salvador e do Rio de Janeiro. O Farol da Barra, em Salvador, de 1698, é considerado o primeiro do continente americano.
Com o avanço da engenharia no século XIX, os faróis ganharam estruturas de ferro fundido e lentes de Fresnel, que multiplicavam o alcance da luz. Isso permitiu que fossem vistos a dezenas de quilômetros mar adentro, transformando a navegação.
Hoje, com os radares, satélites e sistemas digitais, os faróis não perderam sua importância. Muitos ainda são utilizados como referência visual em rotas costeiras, além de funcionarem como sistemas adicionais de segurança em caso de falha eletrônica.
O alcance visual de um farol depende da potência da lâmpada e da altura da torre. Em média, a luz pode ser avistada de 15 a 40 quilômetros da costa, chegando a mais de 50 quilômetros nos faróis mais potentes, em noites claras. O chamado “alcance geográfico” é limitado também pela curvatura da Terra: quanto mais alto o farol, maior a distância visível.
Além da função prática, os faróis se tornaram marcos culturais e turísticos. Em diversas cidades costeiras do Brasil, como Salvador, Florianópolis e Rio Grande, eles são ícones da paisagem e da memória marítima.
Mesmo na era do GPS, os faróis continuam a exercer papel estratégico e simbólico. Representam a persistência de uma tecnologia milenar que, adaptada, ainda protege marinheiros e lembra a todos que o mar ainda segue exigindo cuidado.