Em dois anos, a capacidade de energia solar no Brasil avança mais de 10 vezes
Retrato da energia no país mostra que participação da energia solar na matriz energética nacional passou de 0,1% para 1,4% entre 2016 e 2018
Cerca de 41 mil novas usinas de energia solar foram instaladas no Brasil em dois anos. Houve um avanço intenso no número de estabelecimentos residenciais, comerciais e industriais que passaram a produzir e consumir uma das fontes de energia renovável mais prósperas do país. Entre 2016 e 2018, a capacidade instalada no Brasil pulou de 0,1% para 1,4% de toda a matriz energética nacional, de acordo com o Caderno ODS 7 – O que mostra o retrato do Brasil?, publicado nesta terça-feira (07) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O documento apresenta um diagnóstico sobre o sétimo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (assegurar energia limpa e acessível para todos), analisando a implementação das metas traçadas pela Agenda 2030, das Nações Unidas, bem como os compromissos de emissões globais do Brasil no Acordo de Paris.
Segundo José Mauro de Morais, pesquisador de energias renováveis e de petróleo e gás do Ipea e autor do Caderno ODS 7, a participação percentual da energia solar ainda é pequena, porém mostra que o Brasil está acordando para a sua importância. Se somada a participação das fontes solar e eólica, os dados revelam que a capacidade de geração de energia elétrica dessas duas fontes renováveis já chegou a 10,2% em dezembro de 2018. De acordo com o estudo, por causa desse significativo aumento, as demais fontes de energia diminuíram sua participação relativa, especialmente a capacidade das usinas térmicas que usam combustíveis fósseis.
A pesquisa aponta ainda o que isso representa em consumo de energia. Nas residências, em função do número de domicílios que substituirão os chuveiros elétricos por aquecimento solar e por gás natural, no aquecimento de água, a conservação de energia elétrica deverá ser equivalente a 4% do consumo em 2027, quando comparado com o consumo de 2017. Enquanto isso, na energia elétrica, os ganhos de eficiência projetados permitirão, em 2027, economizar 41 TWh (terawatt-hora). Para efeitos comparativos, a economia corresponde à geração de uma usina hidroelétrica com potência instalada de cerca de 10 GW, equivalente à soma da parte brasileira da Usina Hidrelétrica (UHE) de Itaipu e da UHE de Xingó, em Alagoas/Sergipe.
Energia dos ventos
O país passou do 15º lugar no ranking mundial de capacidade instalada de energia eólica, em 2012, para a 8ª posição em 2017 (GWEC, 2018). Para 2024, foi projetado que a capacidade atingirá 19,042 GW, com base nos investimentos que estão sendo realizados para atender à demanda nos leilões de contratação de energia da Aneel e com as outorgas do mercado livre.
Menos petróleo
Quanto ao combustível total que deve ser poupado em 2027, a projeção é de cerca de 318 mil barris por dia, ou aproximadamente 10% do petróleo produzido no país em 2017, ou seja, o Brasil consumirá 116 milhões de barris de petróleo a menos em 2027.
Emissões de gás
O Brasil é uma das lideranças mundiais quando o assunto são fontes naturais de energia. A participação das renováveis na matriz energética elevou-se de 42,4%, em 2012, para 43,2%, em 2017, posicionando o setor de energia do Brasil como um dos menos intensivos em emissões de carbono do mundo. Isso significa que o país está bem próximo de efetivar o compromisso assumido no Acordo de Paris: alcançar participação de todas as energias renováveis na matriz energética de 45% em 2030.
Ipea