No passado Tony Garcia prometia combater a corrupção
Tony Garcia é o nome do momento no Paraná, após delatar o ex-governador Beto Richa, que chegou a ser preso temporariamente. Mas quando apareceu publicamente em 1990, como candidato pela primeira vez, era um desconhecido dos paranaenses. Na época Tony Garcia resolveu disputar o senado com o apoio do então candidato à presidência, Fernando Collor, de quem se dizia amigo.
Com o apoio de Collor na campanha de 1990, Tony Garcia aproveitou o discurso dele contra os marajás e corruptos. Mas não se elegeu. Veja o vídeo da época.
Em 1992, Tony Garcia tentou outra eleição para a Prefeitura de Curitiba. Mesmo sem ligação com Jaime Lerner, que saiu com boa imagem depois de ser prefeito de Curitiba por três vezes, se aproveitava da imagem dele para influenciar os eleitores. Mas não se elegeu.
Neste vídeo acima, a participação de Tony Garcia, como candidato, começa aos 0:31 segundos. É o debate de 1990 para a Prefeitura de Curitiba.
JAMIL SNEGE FAZIA AS CAMPANHAS ELEITORAIS DE TONY GARCIA.
Em uma entrevista no ano de 1997, o publicitário e escritor Jamil Snege, já falecido, contava como eram as campanhas que desenvolveu para Tony Garcia. Leia o trecho da conversa pulicada pelo “Projeto Memória Paranaense” original, apoiado pela Inepar e Rádio CBN.
José Wille – Jamil, você fez outras campanhas interessantes. Por exemplo, Tony Garcia para o Senado, que, mais tarde, acabou se elegendo deputado estadual. Sendo um candidato que tinha dificuldade de expressão, você trabalhava muito na imagem, aproveitando-a da melhor forma possível.
Jamil Snege – Particularmente, adoro pegar candidatos que não têm nenhuma chance. Fiz a campanha da Rosemeri Kredens – candidata a governadora – e ela marcou bastante a sua presença na mídia – fez mais de 40 mil votos. E era absolutamente inviável. O Tony Garcia, quando surgiu, também era. Já tínhamos trabalhado juntos, pois ele era contato de propaganda na época em que eu era redator de uma agência. Quando ele falou em sair para senador, evidentemente que eu achei uma coisa um pouco pretensiosa. Mas, em função da bela imagem que ele tinha na época e ainda conserva – sujeito alto, bonitão, com cara de super-herói americano – achei que daria para trabalhar a imagem em termos físicos. É claro que, do ponto de vista oral, Tony Garcia tinha uma dificuldade muito grande de articular palavras, de uma contenção verbal muito grande, uma timidez…
José Wille – E a utilização da imagem e do simbolismo – por exemplo, ele destruindo marajás com uma marreta?
Jamil Snege – Exatamente! Partimos para uma coisa de ação, uma campanha que valorizava o tipo físico dele e excluía a carga verbal. Tornamos desnecessária a explicitação oral. Então, se ele aparecia quebrando cabeças de marajás e saltavam moedas de dentro dessas cabeças, a ação por si só falava. E lá no meio da campanha, tive a extravagante ideia de colocar Tony Garcia lutando boxe. Fizemos um ringue, com todas aquelas condições de um ringue normal, com manager e locutor anunciando. E o Tony Garcia, de calções, sobe ao ringue e luta com um adversário imaginário, que era a câmera. E aquilo, realmente, em termos de proposta de campanha política, foi uma extravagância, que mereceu até notícia na Veja e em outros veículos.
José Wille – E acabou funcionando, pois, mais tarde, ele chegou à Assembleia Legislativa por este caminho.
Jamil Snege – Pois é. E, na época do senado, ele estava enfrentando José Eduardo Vieira – que foi o vencedor. E havia, no páreo, o ex-governador Paulo Pimentel, o ex-prefeito Maurício Fruet e outros nomes de peso. E o Tony Garcia chegou honrosamente ao segundo lugar, ameaçando o vencedor.
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