9 de dezembro de 2024
SAÚDE

O Fim da rádio “Estação Primeira FM” de Curitiba há 22 anos

Há 22 anos a Rádio Estação Primeira de Curitiba saia do ar. A emissora foi a primeira voltada ao Rock, e ao público alvo jovem A B. E acabou porque estava em crise administrativa, e havia sido vendida para o Grupo Inepar, que trouxe a Rede CBN. O slogan da Estação Primeira, na época, era “Uma rádio a frente do seu tempo”, frase que acabou se tornando realidade.

Nos anos 1990 o mercado publicitário era pequeno, e não comportava uma rádio de público segmentado no Rock. A  emissora foi vendida por dificuldades econômicas. Ouça abaixo os últimos minutos, à meia noite do dia 30 de abril de 1995. Se você se interessa pelo tema, participe do grupo “Memória do Rádio do Paraná” no Facebook.

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Gravação do fim da Rádio Estação Primeira.

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Texto do jornalista Aramis Milarch sobre a chegada da nova emissora em 28 de setembro de 1986:

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Estação Primeira. Algo de novo no ar. É a esperança!

Um novo prefixo entra no ar em outubro: Estação Primeira. Décima primeira FM a disputar um mercado cada vez mais competitivo, a nova emissora pretende atingir a classe A e o público jovem, “mas com um compromisso de verdade e qualidade”, como diz seu diretor, Hélio Pimentel, 30 anos, ex-empresário do Grupo A Cor do Som e do casal Baby Consuelo-Pepeu Gomes. Pertencente aos irmãos Carlos e Henrique do Rego Almeida, mais Hélio Pimentel (e por certo o prestígio nacional do superempresário Cecílio do Rego Almeida contou muito na conquista da concessão do canal), a Estação Primeira vai entrar no ar com moderno equipamento, boas instalações – na rua Oiapoque, 649 e uma programação que vem sendo cuidadosamente planejada – que irá desde as paradas de sucesso até uma hora de programação de música clássica, na madrugada. xxx Na briga-de-foice pela conquista de ouvintes é necessário, mesmo, que uma nova emissora procure oferecer algo de inteligente e com qualidade. 90% dos prefixos FMs limitam-se a repetir o mesmo esquema que observa no Rio e São Paulo, das emissoras que conseguem maior audiência: música comercial da pior qualidade acompanhando as discutíveis e corrompidas “paradas de sucesso”, com disc-jockeys e locutores que parece terem uma produção em linha de montagem, tal a repetição das mesmas expressões e palavras. “A impressão que as pessoas mais inteligentes têm ao ouvir as FMs é de que os seus apresentadores imaginam que só há ouvintes de 15 a 22 anos, tal o volume de besteiras e abobrinhas que repetem exaustivamente “comentava, dia atrás, um dos mais veteranos radialistas do Paraná, Jamur Júnior, 50 anos, 35 de rádio e que, graças a inovação e a criatividade está fazendo seu próprio prefixo, a FM-Ilha do Mel, em Paranaguá, não só a mais ouvida no Litoral, como merecendo destaque junto às agências de publicidade que a tem sabido programar seus melhores horários. Em Curitiba, das dez FMs, apenas dois prefixos – FM Ouro Verde e FM Escala (ex-Apolo, ex-Emissora Paranaense) é que estão fazendo uma programação tolerável para quem tem mais de 30 anos e não totalmente colonizado em termos musicais. Assim estas duas emissoras apresentam a chamada programação soft, com música nacional e internacional da melhor qualidade, sem preconceitos de idade, pois, conforme o slogam cunhado pelo veterano Didiê Bettega (João Lydio Seiller Bettega, 54 anos, 36 de radiofonia), “saudade não tem idade”. A síndrome da juventude, na ilusão de que este segmento do mercado é o único capaz de garantir bom faturamento, faz com que a maior parte das emissoras em FM se recusem a programar centenas de excelentes artistas, simplesmente pelo preconceituoso pré-julgamento de que “eles não irão agradar”. Música instrumental, então, nem falar! Com raras exceções, os programadores e disc-jockeys fogem do que há de mais criativo na música instrumental, especialmente a brasileira, mas, em compensação, abrindo todos os espaços ao pop-rock internacional conduzindo, de uma forma subliminar, imensas faixas de audiência a consumirem apenas o lixo musical imposto pelas multinacionais do som. xxx Neste mercado monótono e repetitivo, no qual falta quem se disponha a tratar o ouvinte com inteligência – a começar pela própria forma de anunciar a programação – uma nova emissora, como é o caso da FM Estação Primeira, que se disponha a trazer programas de boa qualidade, montados com textos e faixas selecionadas, terá condições de, em pouco tempo, comseguir um espaço especial. Não basta a simples preocupação de alcançar os primeiros lugares de audiência burra, mas, isto sim, obter uma faixa de poder aquisitivo, qualidade e que, realmente, faça do rádio uma opção de lazer e bom gosto. Poderia-se acrescentar também a palavra informação, mas, infelizmemte, apesar do rádio ser o mais ágil dos veículos de comunicação, faltam prefixos que façam do bom e independente jornalismo o seu cavalo-de-batalha. Em São Paulo, a Jovem Pan, em AM, conseguiu um posicionamento único (e um faturamento extraordinário), graças ao jornalismo up to date que a caracteriza como emissora presente em qualquer acontecimento da cidade. O que não elimina sua programação musical, como o “programa do Zuza”, que garante ao jornalista e radialista Zuza Homem de Mello, 53 anos, o domínio completo da audiência no horário das 17 às 18h30min. Em Curitiba, a maioria limita-se a cumprir a lei que obriga a reservar o mínimo de 70 minutos ao jornalismo. Infelizmente, grande parte deste noticiário é feito ainda na base da gilete press, quando poderia ser dinâmico, com reportagens ao vivo e que daria, sem dúvida, respostas comerciais a médio prazo. A alegação, entretanto, dos responsáveis é uma só: o investimento que a manutenção de uma equipe profissional, de bom nível, exige. Entretanto, com isto forma-se um círculo vicioso: não há equipe porque custa caro e não havendo bons noticiosos falta patrocínio – que pagaria o custo do pessoal e daria lucro. A hora em que os empresários do rádio entenderem que o processo deve ser invertido, todos lucrarão – especialmente os ouvintes. xxx A propósito do registro que aqui fizemos, sobre o fato de nenhuma das FMs de Curitiba terem, até o momento, sabido utilizar o som limpo e prefeito do compact-disc (laser) em suas programações, um acréscimo: duas emissoras do Interior – a Cruzeiro do Sul, de Londrina e a Ilha do Mel, em Paranaguá, já estão fazendo grande parte de seus horários com o “momento laser”. A FM – Ilha do Mel, inclusive, dispõe já de bom acervo, com exclusividades importantes, artistas de sucesso – e ganhando, assim, um público cada vez maior. Em Curitiba, enquanto isto, continuamos ainda ouvindo discos chiados e absolutamente descartáveis de qualquer programação inteligente.

 

Texto de Aramis Millarch, publicado originalmente em:
Estado do Paraná
Almanaque
Tablóide
2
28/09/1986

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Redação Paraná em Fotos

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