Jovem de Londrina investe em curso de informática e vira empresário premiado
Gustavo Cavalcante Borges, de 20 anos, criou a Yazo, startup que desenvolve aplicativos para eventos. Plataforma foi segunda colocada no maior evento de tecnologia do mundo.
Vez ou outra o jovem empresário Gustavo Cavalcante Borges, 20 anos, puxa na memória o caminho que trilhou. Da casa humilde em Londrina, onde dividia um computador com dois irmãos, para a sede da Yazo, uma startup que desenvolve aplicativos para eventos.
“Sempre penso que a gente não pode ficar na zona de conforto. Se quer fazer algo, tem que buscar. Às vezes vai ser difícil, mas o retorno que você terá quanto ao tempo que gastou, investimento, será muito produtivo para a vida da pessoa”, afirma o sócio-fundador da empresa, que venceu o Prêmio Caio 2017, referência no mercado de eventos, e foi segunda colocada no Hackaton do Campus Party 2018, maior evento de tecnologia do mundo.
Foram muitas horas dedicadas aos estudos. Desde pequeno, Gustavo gostava de jogar videogame, mas o interesse ia além das partidas virtuais. O jovem queria saber como funcionava, como se desenvolvia aqueles tipos de jogos. Com o apoio da família, logo mergulhou nos cursos técnicos na área de tecnologia, em uma escola SENAI, onde se tornou técnico em Informática. “Foi fundamental a instituição. Eles me deram total suporte do técnico, na questão de professores, equipamentos, a gente tinha um computador em casa só, que a gente dividia entre os três irmãos, então eu passava praticamente o dia inteiro no SENAI. A base de tudo que tenho hoje é do SENAI”, afirma.
Para Gustavo, é essa rede de apoio que ajuda a estimular o crescimento tecnológico no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), hoje são mais de 10 mil empresas desse tipo no país. “Hoje em dia, nascem muitas startups e há necessidade de mais mão de obra”, indica o jovem.
Para atender essa demanda que tem crescido nos últimos anos, a atuação das instituições do Sistema S na qualificação profissional tem sido defendida por parlamentares no Congresso Nacional.
Segundo o deputado Filipe Barros (PSL-PR), é preciso se preocupar com a qualificação de mão de obra dos jovens, que têm dificuldade de conseguir emprego no Brasil. Por isso, o parlamentar defende que o investimento na educação deve se espelhar em outros países.
“Nos países desenvolvidos, o foco é no ensino profissionalizante. Na Alemanha funciona exatamente assim. Muitos jovens vão para a universidade quando querem voltar sua atuação para o ensino, pesquisa, mas a grande parcela dos jovens da Alemanha vão para o ensino profissionalizante, para que possam fazer um curso voltado para o que querem trabalhar”, compara Barros.
Aline Sleutjes (PSL-PR) afirmou que tem acompanhado os programas desenvolvidos pelo SENAI e SEBRAE no Paraná e que o caminho deve continuar sendo o de qualificação da mão de obra para o mercado de trabalho. “O que nós precisamos hoje é preparar nossa juventude para as vagas de emprego”, ressaltou.
Revolução na educação
Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que, de 24 setores da indústria brasileira, 14 precisam adotar com urgência estratégias de digitalização para se tornarem internacionalmente competitivos. Segundo o diretor de Operações do SENAI, Gustavo Leal, diante dessa evolução das profissões, é preciso que o país caminhe no sentido de ampliar investimentos. Discurso contrário à sinalização do governo federal de cortar em até 50% os recursos repassados ao Sistema S – conjunto de nove instituições, como SESI e SENAI, que oferecem treinamento profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica para diversas categorias.
“O mundo vive uma revolução da educação, no caso da indústria, estamos vivendo a Indústria 4.0, toda uma verdadeira revolução no perfil das pessoas para os próximos empregos que serão gerados dentro desse novo paradigma. Instituições como SENAI têm profundo impacto nesse processo”, afirmou.
Apenas no ano passado, o SENAI realizou mais de 2 milhões de matrículas em cursos de educação profissional e atendeu mais de 19 mil empresas por meio de serviços e consultorias. Já o SESI, também administrado pela indústria, beneficiou mais de 3,5 milhões de pessoas com serviços de saúde e segurança em 2018.
Agência do Rádio