12 de outubro de 2024
SAÚDE

“Amar também é vacinar”

É no olhar atencioso e nos gestos de carinho que se nota o amor de Renilson Correa e de Stephanie Damasceno pela filha Zoé Damasceno, de três anos. Mas ele também está presente em um ato simples e cotidiano incentivado pelo casal: a vacinação. E os dois não estão sozinhos na missão de proteger Zoé contra doenças evitáveis. Do posto de saúde à escola, uma verdadeira rede de cuidado intersetorial está em ação no município de Benevides, no Pará, para garantir que todos as meninas e meninos, como ela, estejam imunizados e protegidos.

A atuação dessa rede fica mais clara quando há um atraso no esquema vacinal. Mesmo sabendo da importância de vacinar a pequena Zoé, dificuldades de conciliar o trabalho de ambos – Stephanie, a mãe, é professora de educação física, enquanto o pai, Renilson, atua como tecnólogo de manutenção industrial – não permitiram ao casal completar o esquema vacinal da menina contra a COVID-19. 

“Faltava a última dose, mas todas as vezes [que íamos ao posto] ou ela adoecia, ou tinha uma questão de horário… E aí não conseguíamos levar no posto de saúde”, explica Stephanie. 

“Foi só quando a equipe de saúde veio na escola que a gente conseguiu vacinar.”

Observando a necessidade de Zoé e de outras crianças da escola que estavam sem vacinação ou com doses em atraso, a equipe do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Florescer decidiu atuar. A escola promoveu um mutirão de imunização em parceria com a unidade de saúde mais próxima, localizada no mesmo bairro, a apenas algumas centenas de metros do CMEI.

E a pequena Zoé pôde ser vacinada – e ficar mais protegida. “É muito importante essa conexão entre a casa e a escola no controle vacinal da criança. Assim ela pode ter uma imunidade boa e resistente a essas doenças que aparecem com cada vez mais frequência”, opina o pai, Renilson. A mãe concorda: 

“O bom é que trazendo para a escola a gente consegue controlar mais, porque eles ficam olhando a caderneta de vacinação, e a gente fica ainda mais de olho.”

Renilson Correa, Stephanie Damasceno e a filha Zoé Damasceno, de três anos.

Legenda: Renilson Correa, Stephanie Damasceno e a filha Zoé Damasceno, de três anos.

Foto: © UNICEF/BRZ/Luiz Marques.

Atuação em conjunto para vacinar

Para a gestora escolar do CMEI Florescer, Maria Aparecida Seabra, a escola é um local essencial não só para o aprendizado, mas também para atuar pelo bem-estar de meninas e meninos. Maria Aparecida explica: 

“O desenvolvimento da criança não é só o psicológico ou pedagógico, mas também o de saúde. Até porque, se a criança não estiver bem, ela não vai conseguir realizar as atividades aqui na escola, aprender.” 

Além da atuação em prol da imunização, outras atividades para incentivar a saúde são realizadas cotidianamente no CMEI Florescer. Alguns exemplos são ações de lavagem de mãos, de cuidados dentários e até de combate à dengue.

Bruna Lima, enfermeira no município, é uma das profissionais que frequenta o CMEI Florescer para ações de promoção da saúde – inclusive para o mutirão de vacinação. “[Trabalhando juntos], a gente consegue fazer essa busca ativa de todas as crianças que estão precisando das vacinas. Como elas estão na escola, conseguimos fazer essa avaliação e, então, garantir que elas tomem a vacina. E ainda avisamos aos colegas de outras unidades de saúde que essas crianças foram vacinadas – assim o fluxo caminha não só em nosso posto de saúde, como nos outros”, explica ela.

A atuação conjunta entre diferentes áreas para garantir a vacinação é uma das bases da Busca Ativa Vacinal, estratégia do UNICEF que apoia municípios a identificarem, monitorarem e promoverem a vacinação de meninas e meninos não-vacinados ou com doses em atraso. Esta estratégia é implementada junto a municípios como Benevides, que fazem parte do Selo UNICEF, iniciativa de promoção de direitos de crianças e adolescentes em cidades do Norte e do Nordeste do País.

“Amar também é vacinar”

Até a pequena Zoé entende a importância de estar vacinada e protegida. “Ela já não tem medo de ir tomar vacina, porque a gente explica para ela que faz bem para a saúde. E ela sempre entende muito rápido”, diz Renilson. 

As visitas frequentes da família às unidades de saúde para garantir as vacinas já até contagiaram a menina, que já sabe o que quer ser quando crescer: médica. Ou mecânica. Ou professora de educação física. 

Nas palavras da mãe, garantir que a filha esteja vacinada ajuda até nisso: 

“Amar também é vacinar. Nossa batalha no dia a dia é para oferecer sempre o melhor para ela, para que ela cresça saudável e possa fazer as escolhas dela no futuro.”

E a pequena Zoé, comunicativa, concorda. “A vacina é para Zoé ficar como?”, pergunta a mãe. A menina responde, de pronto: “para ficar saudável”, e poder brincar das brincadeiras favoritas, como balão, carrinho e o que mais a imaginação permitir até este futuro chegar.

– Unesco